terça-feira, 29 de maio de 2012

de volta mãe África

 
 
 
no princípio
distante
fundamental
retumbante
o tambor
convida
celebra
a vida

O ESTEREÓTIPO AFRICANO

Chimamanda Ngozi Adichie: “A África não é só miséria”
A escritora nigeriana ironiza o estereótipo africano e diz que ele é fruto da ignorância sobre o continente
JOSÉ FUCS
Nos círculos literários internacionais, a jovem escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, de 32 anos, ganhou status de celebridade. No mês passado, ela foi incluída numa disputadíssima lista dos 20 melhores escritores com menos de 40 anos elaborada pela revista The New Yorker. Seu segundo romance – Meio sol amarelo, de 2006, o único lançado no Brasil – já foi traduzido para 27 línguas e vendeu mais de 500 mil exemplares. Foi graças a uma palestra que deu em 2009, na conferência anual da TED, uma ONG americana dedicada a difundir as ideias de pensadores e realizadores de todo o mundo, que Chimamanda virou hit do YouTube, o site de compartilhamento de vídeos da internet. O vídeo da palestra “O perigo de uma história de um lado só”, em que ela ironiza o estereótipo miserável da Áfricanos países desenvolvidos, já foi visto por mais de 300 mil pessoas. Nesta entrevista concedida a ÉPOCA por e-mail, Chimamanda diz que a África não é só pobreza e que a adoção de crianças pobres africanas por artistas como Madonna e Angelina Jolie não ajuda a salvar o continente.
ENTREVISTA - CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE

QUEM É
Escritora nigeriana de 32 anos, mora nos EUA e na Nigéria. Esteve na Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), em 2008
ONDE ESTUDOU
Formou-se em comunicações e ciência política na Universidade Eastern Connecticut, em 2001. Fez pós-gradução em literatura criativa na Universidade Johns Hopkins e em estudos africanos em Yale
O QUE PUBLICOU
Meio sol amarelo (Cia. das Letras, 504 páginas, R$ 59), lançado no Brasil em 2008. Escreveu também Purple hibiscus e The thing around your neck, ainda não lançados aqui


ÉPOCA – Em suas palestras, a senhora ironiza o estereótipo da África nos países desenvolvidos. Por quê?
Chimamanda Ngozi Adichie – É uma visão baseada na catástrofe. A África é vista como um lugar cheio de coisas negativas. Exceto no caso das biografias de Mandela, que realmente não contam, porque são menos sobre a África e mais sobre o perdão mágico que ele concedeu às atrocidades dos brancos, não me lembro de ter visto uma única vez na mídia uma história sobre a África que não era sobre pobreza, aids, morte ou guerra. Há pobreza na África, mas existem pessoas que pensam que a pobreza é tudo o que a África tem.

ÉPOCA – Uma de suas maiores críticas é contra a expectativa de muitos leitores de encontrar histórias “autenticamente africanas” em seus romances. O que há de errado nisso?
Chimamanda – Quando falamos de autenticidade, estamos em geral levando em conta uma pureza que não existe. A história de uma criança pobre que está pegando em armas ou de um ditador corrupto é tão válida quanto a história de um camponês de uma pequena vila rural ou de uma família da classe média que trabalha duro para mandar suas crianças para uma boa escola ou de uma trabalhadora urbana que compra um carro ou a de um casal que está discutindo uma relação afetiva complicada. Quem pode dizer que uma dessas histórias é mais “autenticamente africana” que a outra? Com base em que podemos julgar a autenticidade dessas histórias? Quem fará o julgamento? E, mais que tudo, por quê?

"As pessoas devem ter permissão para adotar crianças de qualquer
lugar. Mas é ridículo pensar que vão salvar a África assim"

ÉPOCA – Em sua visão, não existe, então, falar de uma cultura tipicamente africana?
Chimamanda – A cultura humana é resultado de uma longa história de trocas. O café surgiu na Etiópia. Isso significa que uma história em que os americanos bebem café não é autêntica porque o café não é originalmente americano? As pessoas que falam em histórias “autenticamente africanas” – e acho estranho que eu nunca tenha escutado ninguém falar de histórias autenticamente americanas ou inglesas – parecem pensar que a África é um lugar que deveria permanecer como um museu para o entretenimento dos outros. Em geral, elas sabem muito pouco sobre a África e, por isso, insistem em fazer uma representação única de suas estreitas visões. É por isso que uma história sobre uma família de classe média ou de ricos africanos é vista como não autêntica. Não existe essa coisa de autenticidade. Isso sempre tem a ver com a mentalidade da pessoa que está dando o rótulo.

ÉPOCA – Em sua trajetória literária, a senhora sofreu algum tipo de discriminação por não falar do que se considera como a “África autêntica” ou de coisas que as pessoas costumam identificar como africanas?
Chimamanda – Sempre haverá quem pense que a verdadeira África é uma coisa única e estreita. Quando eu estava na faculdade nos Estados Unidos, um professor uma vez me disse que meu romance não era autenticamente africano. Eu até poderia aceitar que o romance tinha vários problemas, mas não tinha imaginado que eu havia fracassado em expressar algo chamado “autenticidade africana”. Na verdade, eu nem sabia o que era “autenticidade africana”. O professor me disse que os personagens eram muito parecidos com ele, um homem bem-educado da classe média. Meus personagens dirigiam carros, não estavam morrendo de fome. Não eram, portanto, “autenticamente africanos”. Felizmente, tenho encontrado muita gente que não pensa assim.

ÉPOCA – Muitas celebridades, como Madonna e Angelina Jolie, adotaram crianças africanas, como se assim estivessem ajudando a reduzir a pobreza na África. O que a senhora pensa sobre isso?
Chimamanda – As pessoas podem e devem ter permissão para adotar crianças de onde elas quiserem, desde que sejam bons pais. Mas é ridículo pensar que você está salvando um continente ao adotar uma criança. Para ajudar o continente africano, seria melhor, por exemplo, se engajar politicamente na batalha para que os países desenvolvidos acabem com os subsídios a seus fazendeiros e dar mais importância ao comércio com a África.

ÉPOCA – Em sua opinião, o que faz uma boa ficção?
Chimamanda – Emoção. Atenção à linguagem. Complexidade. Paixão.

ÉPOCA – Quais são seus escritores favoritos?
Chimamanda – Chinua Achebe (Nigéria), Jamaica Kincaid (EUA), Ian McEwan (Reino Unido), Phillip Roth (EUA), Ama Aita Aidoo (Gana), Toni Morrison (EUA) e Alejo Carpentier (Cuba).

ÉPOCA – Que livros está lendo agora?
Chimamanda – Passing (Partida), de Nella Larsen (EUA), e The bottom billion (O bilhão da base), de Paul Collier (Inglaterra).

ÉPOCA – Que autores brasileiros a senhora conhece? Quais são seus preferidos?
Chimamanda – Jorge Amado é meu favorito. Também gosto de Dom Casmurro, de Machado de Assis, um romance de um jovem que se apaixona por uma menina muito interessante da classe baixa.

ÉPOCA – Qual foi sua impressão do Brasil? A senhora tem planos para voltar ao país?
Chimamanda – Tive uma ótima passagem pelo Brasil. A Feira Literária de Paraty é uma das melhores do mundo. Também estive no Rio de Janeiro. Meu editor brasileiro e sua família também foram ótimos. Gostaria de voltar e conhecer a Bahia e, talvez, escrever sobre como as contribuições que as culturas primitivas dos escravos africanos ao Brasil têm sido reinterpretadas pela atual geração.

Dica de leitura: A Àfrica explicada aos meus filhos, Aberto da costa e Silva, editora Agir.

O livro mostra um lugar de contrastes, de um lado, exuberância, magia, sons e sabores inebriantes. De outro, miséria, violencia, epidemias, guerras, tirania. A África sempre serviu de inspiração para filmes e livros que ficaram na memória de várias gerações.Mas ainda há muito o que dizer e o que aprender sobre esse continente.
Vale apena conferir.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Brasil na África


O Brasil na África
Paula Adamo Idoeta  BBC Brasil  09/05/2012
            Em um artigo da BBC  Brasil, a jornalista Paula Adamo Idoeta de 09/05/2012 menciona um estudo feito pela consultoria Ernst & Young: “ o Brasil está no fim da lista dos 30 maiores investidores da África, respondendo por apenas 0,6% dos novos projetos de investimentos diretos estrangeiros (FDI, na sigla em inglês) no continente entre 2003 e 2011. Em comparação, os EUA abocanharam 12,5% dos novos projetos; a China (Hong Kong incluída), 3,1%; e a Índia, 5,2%.”
            Em um seminário do BNDES o banco BTG Pactual afirmou a intenção de captar US$ 1 bilhão para investimentos do setor privado brasileiro na África, em áreas como energia, infra-estrutura e agricultura, relata O Estado de S. Paulo. A Eletrobrás também estuda hidrelétricas em Angola e Moçambique, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, pediu mais aportes do G20 (grupo das maiores economias do mundo) ao Banco Africano de Desenvolvimento.
            Para Michael Lalor, diretor do África Business Center da Ernst & Young: "Foram 33 projetos de investimento estrangeiro direto do Brasil na África desde 2003 - menos de 1% do total." E, com o crescimento do mercado consumidor africano, "surpreende que empresas brasileiras de consumo - serviços financeiros, varejo, telecomunicações - não estejam mais ativos no continente", agregou. Para o executivo, há também expectativas de que o Brasil "use seu expertise em biocombustíveis para investir mais fortemente nisso".
            
                                      Presença brasileira é mais forte em Angola (foto) e Moçambique
            Moçambique  abriga empreendimentos da Vale e da Odebrecht, uma das maiores empregadoras locais; Angola  é o maior receptor dos investimentos brasileiros no continente (R$ 7 bilhões, segundo estimativas de 2011 da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola). Empresas como Petrobras e construtoras como Odebrecht e Andrade Gutierrez têm operações sólidas ali.
            Mas, para a diretora regional da África da Economist Intelligence Unit, Pratibha Thaker, o Brasil está seguindo um curso natural. "Não acho que o país tenha desperdiçado oportunidades. Começou com os países de língua portuguesa e agora está avançando para outros - por exemplo, a África do Sul, onde mira o varejo e a agricultura", afirmou à BBC Brasil. "É a primeira vez que o continente africano está sendo encarado com seriedade pelo mundo (como um pólo de oportunidades). E o Brasil, ao contrário da China, é bem visto por sua tendência a empregar mão de obra local, transferir tecnologia."
Ela adverte, porém, que espaços não ocupados por outros países na África serão tomados por investimentos chineses e indianos.

Avanços e recuos da África

                                      Demanda por infra-estrutura ainda é grande no continente africano
O relatório da Ernst & Young aponta que, entre 2010 e 2011, cresceu 27% o número de projetos financiados por investimento direto estrangeiro na África. Os principais receptores são África do Sul, Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia, Nigéria e Angola.
Mesmo assim, o continente abocanha apenas 5,5% do total dos investimentos estrangeiros - algo que, na opinião de Ajen Sita, "não reflete o potencial econômico da África".
Isso é atribuído à desconfiança de muitos investidores com relação à instabilidade política, à corrupção e às dificuldades em fazer negócios atribuídos aos países africanos.
No levantamento feito pela E&Y, empresários sem presença na África vêem a região como "a menos atrativa para negócios do mundo". No entanto, diz a consultoria, quem já faz negócios na África tende a melhorar sua percepção sobre o continente e a considerá-lo quase tão atrativo quanto a Ásia.
Também cresce o volume de negócios entre países africanos, enquanto velhos desafios permanecem: a infraestrutura continental é deficiente e requer investimentos de mais de US$ 90 bilhões, apontou Sita.
Outro antigo desafio é a estabilidade continental - um problema antigo que atualmente se manifesta com os levantes da Primavera Árabe e com golpes de Estado em países como Mali e Guiné-Bissau.
Em resposta a isso, o relatório da E&Y afirma que, apesar de focos de conflitos, "a democratização africana é algo real, com os Estados unipartidários se tornando cada vez mais a exceção, em vez de a regra".


domingo, 27 de maio de 2012

A Caixa Cultural promove uma mostra de cinema africano.
Importante acompanhar a produção africana contemporânea para descobrir a África.
São mais de trinta filmes da recente produção cinematográfica da África. As sessões acontecem entre os dias 29 de maio e 10 de junho, e são gratuitas.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Símbolos Nacionais - as bandeiras Africanas

Chama a atenção o fato de muitas bandeiras africanas apresentarem cores comuns entre elas: combinações entre o verde, o amarelo, o vermelho e o preto são comuns.
As origens dessas combinações estão no Pan-Africanismo, movimento que propunha a união dos povos africanos, como forma de valorizar a África no contexto internacional.
O movimento teve força ao longo das lutas pela independência na segunda metade do século XX, buscando a unidade política de toda a África e o reagrupamento das etnias divididas pelas imposições dos colonizadores.
Valorizavam a realização de cultos aos ancestrais e defendiam a ampliação do uso das línguas e dialetos africanos, proibidos ou limitados pelos europeus.
A teoria pan-africanista foi desenvolvida principalmente pelos africanos na diáspora americana descendentes de africanos escravizados e pessoas nascidas na África a partir de meados do  século XX; no Brasil foi divulgada por Abdias do Nascimento.
Duas diferentes combinações de três cores são referenciadas como as cores pan-africanas: o verde, o amarelo e o vermelho, primeiramente usadas na bandeira da Etiópia.
A Etiópia  é um país emblemático no continente africano: foi o único país que não foi colonizado pelos europeus e  é o berço do rastafarianismo, um movimento importante para a valorização das ideologias africanas.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Idéia de nação na África

24-05-2012 21:20 - fonte:  http://www.portalangop.co.aoHuíla - Lubango
Especialista defende que africanos devem elevar ideia de nação 



Lubango – Os africanos devem colocar acima de qualquer coisa a unidade territorial e a idéia de nação, respeito pelos símbolos nacionais e o progresso de cada país, para evitar que as interferências externas influenciem negativamente na política e no desenvolvimento do continente, defendeu hoje, no Lubango, Huíla, o professor universitário, Hélder Pedro Alicerces Bahú.
  
Em entrevista à Angop, a propósito dos 49 anos da institucionalização da União Africana (antiga OUA), que na sexta-feira se assinala, o professor de História no ISCED do Lubango disse que boa parte dos problemas africanos são provocados por países acidentais, dai que a ideia de uma neo-colonização é mais como uma luva do tipo invisível e é bem patente neste campo.

"As interferências externas começaram no tempo colonial e persistem até hoje e eu penso que a solução está nas mãos do próprio africano, que têm a responsabilidade de ter mais ambições, pensar no país", disse.
  
Argumentou que estas intromissões, mesmo que continuem, que não sejam tão fortes como agora, pois encontrarão a negação por parte dos próprios africanos.

Hélder Bahú defendeu igualmente a mudança de postura de maior parte de partidos que faz oposição em África, que opta em insistir em ataques pessoais a quem governa, em vez fazer uma política que contribua para o engrandecimento do país, em particular e do continente de uma forma geral.

Acrescentou que muitos dos seus membros da União Africana desviam-se dos intentos consagrados em documentos "muito bem" escritos, relativos a alternância do poder, erradicação da pobreza, do analfabetismo e todas outras formas que contribuem para a melhoria das condições de vida das populações, o que também provoca uma certa instabilidade política em alguns países.

Segundo ele, a UA não conseguirá encontrar um denominador comum para poder mudar o quadro, se os seus integrantes não mudarem as suas políticas, o que quer dizer que ela está dependente dos seus membros.

O professor Hélder Bahú é mestre em história e doutorando pela mesmo disciplina pela Universidade Nova de Lisboa.

A Organização da Unidade Africana (OUA) foi criada a 25 de Maio de 1963 em Addis Abeba, capital da Etiópia, através da assinatura da sua Constituição por representantes de 32 governos de países africanos independentes.
  
A OUA foi substituída pela União Africana a 9 de Julho de 2002.

A organização tem como objetivos a unidade e a solidariedade africana, defende a eliminação do colonialismo, a soberania dos Estados africanos e a integração econômica, além da cooperação política e cultural no continente.