segunda-feira, 28 de maio de 2012

Brasil na África


O Brasil na África
Paula Adamo Idoeta  BBC Brasil  09/05/2012
            Em um artigo da BBC  Brasil, a jornalista Paula Adamo Idoeta de 09/05/2012 menciona um estudo feito pela consultoria Ernst & Young: “ o Brasil está no fim da lista dos 30 maiores investidores da África, respondendo por apenas 0,6% dos novos projetos de investimentos diretos estrangeiros (FDI, na sigla em inglês) no continente entre 2003 e 2011. Em comparação, os EUA abocanharam 12,5% dos novos projetos; a China (Hong Kong incluída), 3,1%; e a Índia, 5,2%.”
            Em um seminário do BNDES o banco BTG Pactual afirmou a intenção de captar US$ 1 bilhão para investimentos do setor privado brasileiro na África, em áreas como energia, infra-estrutura e agricultura, relata O Estado de S. Paulo. A Eletrobrás também estuda hidrelétricas em Angola e Moçambique, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, pediu mais aportes do G20 (grupo das maiores economias do mundo) ao Banco Africano de Desenvolvimento.
            Para Michael Lalor, diretor do África Business Center da Ernst & Young: "Foram 33 projetos de investimento estrangeiro direto do Brasil na África desde 2003 - menos de 1% do total." E, com o crescimento do mercado consumidor africano, "surpreende que empresas brasileiras de consumo - serviços financeiros, varejo, telecomunicações - não estejam mais ativos no continente", agregou. Para o executivo, há também expectativas de que o Brasil "use seu expertise em biocombustíveis para investir mais fortemente nisso".
            
                                      Presença brasileira é mais forte em Angola (foto) e Moçambique
            Moçambique  abriga empreendimentos da Vale e da Odebrecht, uma das maiores empregadoras locais; Angola  é o maior receptor dos investimentos brasileiros no continente (R$ 7 bilhões, segundo estimativas de 2011 da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola). Empresas como Petrobras e construtoras como Odebrecht e Andrade Gutierrez têm operações sólidas ali.
            Mas, para a diretora regional da África da Economist Intelligence Unit, Pratibha Thaker, o Brasil está seguindo um curso natural. "Não acho que o país tenha desperdiçado oportunidades. Começou com os países de língua portuguesa e agora está avançando para outros - por exemplo, a África do Sul, onde mira o varejo e a agricultura", afirmou à BBC Brasil. "É a primeira vez que o continente africano está sendo encarado com seriedade pelo mundo (como um pólo de oportunidades). E o Brasil, ao contrário da China, é bem visto por sua tendência a empregar mão de obra local, transferir tecnologia."
Ela adverte, porém, que espaços não ocupados por outros países na África serão tomados por investimentos chineses e indianos.

Avanços e recuos da África

                                      Demanda por infra-estrutura ainda é grande no continente africano
O relatório da Ernst & Young aponta que, entre 2010 e 2011, cresceu 27% o número de projetos financiados por investimento direto estrangeiro na África. Os principais receptores são África do Sul, Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia, Nigéria e Angola.
Mesmo assim, o continente abocanha apenas 5,5% do total dos investimentos estrangeiros - algo que, na opinião de Ajen Sita, "não reflete o potencial econômico da África".
Isso é atribuído à desconfiança de muitos investidores com relação à instabilidade política, à corrupção e às dificuldades em fazer negócios atribuídos aos países africanos.
No levantamento feito pela E&Y, empresários sem presença na África vêem a região como "a menos atrativa para negócios do mundo". No entanto, diz a consultoria, quem já faz negócios na África tende a melhorar sua percepção sobre o continente e a considerá-lo quase tão atrativo quanto a Ásia.
Também cresce o volume de negócios entre países africanos, enquanto velhos desafios permanecem: a infraestrutura continental é deficiente e requer investimentos de mais de US$ 90 bilhões, apontou Sita.
Outro antigo desafio é a estabilidade continental - um problema antigo que atualmente se manifesta com os levantes da Primavera Árabe e com golpes de Estado em países como Mali e Guiné-Bissau.
Em resposta a isso, o relatório da E&Y afirma que, apesar de focos de conflitos, "a democratização africana é algo real, com os Estados unipartidários se tornando cada vez mais a exceção, em vez de a regra".


4 comentários:

  1. Esse artigo rende um doutorado!
    Eu penso mais em termos culturais, mas não posso deixar de valorizar os aspectos econômicos nas relações entre os países.
    Quais as razões da timidez brasileira ao realizar investimentos na África?
    Talvez tenhamos uma participação maior nos conjuntos de países de lingua portuguesa, mas penso que o Brasil até por suas pretenções de maior protagonismo no mundo, deveria aumentar os investimentos na África

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  2. As relações econômicas são muito interessantes, e de certa forma acabam influenciando a cultura. O que chama a atenção é o interesse nos últimos anos pelas riquezas econômicas da África por países interessados em ter cada vez mais. Na verdade, não sei se é o caso do Brasil ( talvez seja, pois quem não quer ter lucro?), o desenvolvimento local e regional fica para segundo plano, apesar de mesmo em pequeno grau o desenvolvimento econômico ocorrer. Descobriram que mercado consumidor pode ser a África, além de fornecedor de matéria-prima.
    Mas é um assunto que empolga uma discussão.

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  3. Se empolga, então vamos discutir.
    Nós sabemos que há um grande interesse por parte dos países desenvolvodos, sobretudo dos antigos colonizadores, em participar da economia africana. Mas como é trabalhado no material de oitavo ano da SEE-SP, esse interesse é egoísta, pois é aplicado com o pensamento no retorno que isso dará às metrópoles, sem qualquer cuidado ambiental, social, ou de desenvolvimento dos países africanos. Os empréstimos são realizados à juros exorbitantes e os investimentos no setor social estão atrelados a negócios forçados com seus países. Tomara mesmo que o Brasil busque investir mais na África, pela dívida que tem com esse continente, mas que possa fazer observando os interesses mútuos.

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  4. Um investimento com toque humanista, eu diria. E é o que eu queria. Todos vemos o resultado de séculos de pensamento imediatistas e egoístas,: destruição e ausência de futuro. que a Á frica é um continente riquíssimo, de grandes recursos naturias e inclusive com mercado consumidor em potecnical, todos também sabemos. E todos sabem que mesmo dentro da cultura capitalista deve haver um limite no consumo e na voracidade do consumo dos recursos humanos e naturais.
    Penso que o número pessoas que tem consciência dessas coisas esteja aumentando , espero que a África não seja um laboratório de atrocidades, mas que seja um lugar de novas possibilidades de valorização da vida.
    Isso só é possível com as pessoas certas nos lugares certos, espero que alguns de nós tenham a possibilidade de encontrarem-se em lugares chave e possam exercer o compromisso ético com o planeta.

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